TEM QUE PAGAR?

Um corretor me ligou outro dia:
- Cléber, você vai fazer uma palestra no Senac. Tem que pagar?
Eu disse:
- Não precisa, eu pago para você ir. Pago para você se desenvolver. Você não precisa pagar para você se desenvolver. A firma paga, outro paga.

Mas reparei que a cegueira mental dele era muito grande e perguntei:
- Você é corretor? Eu tenho um apartamento para vender. Você vende para mim?
E, falando na linguagem dele, perguntei:
- Mas, fulano, tem que te pagar?
E a resposta veio de pronto.
- Claro, né CLÉBER? É o meu trabalho.

Um médico foi com sua esposa jantar com amigos em um restaurante. Era uma festa e, na frente deles, uma senhora fortemente gripada, quando soube que ele era médico, falou do seu problema. O médico prontamente pegou um guardanapo e escreveu alguns medicamentos para ela tomar, que ela iria ficar boa.

Terminada a festa, todos se despediram e passados dez dias a gripe daquela senhora continuava forte. Então ela foi obrigada a consultar um médico. Procurou na lista telefônica, ligou, marcou hora. Na data se preparou, foi ao consultório, pagou a consulta para a recepcionista e finalmente falou com o profissional.

Ele pegou o receituário, prescreveu o medicamento, deu mais informações e ela saiu dali direto para a farmácia para adquirir os remédios. Chegando em casa, fez tudo o que o doutor receitou, tomou os comprimidos na hora certa etc... Após três dias estava inteira novamente.

À noite, tinha uma festa para ir e ela foi colocar aquele "blazer" azul com o qual se sentia muito bem vestida e encontrou, no bolso do casaco, a receita prescrita num guardanapo de papel do primeiro médico, naquele restaurante há uns 15 dias e ficou muda ao perceber que o medicamento era o mesmo receitado pelo segundo profissional. Disse: - Como sou burra, esqueci a receita no bolso, nunca mais olhei e tive que pagar cem reais pela segunda consulta para ter a mesma recomendação.

Sabe, leitor, o que acontece na maioria das vezes em que as soluções dos problemas nos são dados de graça, sem que tenhamos que fazer algum esforço para obtê-las? É isso mesmo. Não valorizamos e aí não aplicamos. Não nos comprometemos; portanto, não fazendo, não teremos o retorno, e o tempo vai passando.

Quantas pessoas, percebo, nas palestras, que ganham o convite de suas empresas como se fosse obrigação dos outros pagarem sua entrada, pagarem seu desenvolvimento. Reparo que muitas não levam papel nem caneta para fazerem alguma anotação. Vão esquecer, irão passar duas horas ali e não farão modificação algumas em suas vidas. Ainda bem que existe o CONTRA-PONTO e em pequena escala, mas existe. Ou seja, pessoas que ligam, passam "e-mails" dizendo que estão praticando alguma coisa da palestra. Mas quem é FERA, investe no seu autodesenvolvimento e não fica esperando pelos outros.

Uma médica disse: “ Cléber, vim te assistir novamente”. E eu reconheci a moça. Ela havia, há trinta dias, participando de uma palestra e reparei que ela anotava tudo que eu dizia. Então tive a oportunidade e perguntei: - Doutora, por que você anota tanto? E ela “matou a pau”.

“É uma palestra, não é coquetel. É para aprender que estou aqui. Caso não anotar, vou esquecer”.E disse mais. “Então você acha que vou parar de evoluir? Quero, daqui há 20 anos, olhar para trás e sorrir por perceber que não me arrependo de nada que fiz. “ E só tem uma maneira: é evoluir diariamente”.

Saiba, leitor, que essa médica me deu mais um testemunho de que a maioria das pessoas não quer olhar para trás porque tem medo, vergonha de ver o que fez de sua vida. Toda a pessoa tem a oportunidade de fazer tudo em sua vida e não faz quase nada. Então procura esquecer e tenta levar seu futuro na base do jeitinho. ONDE COME DEZ, COMEM QUINZE e, sabemos, hoje, ONDE COMIAM DEZ JÁ NÃO COMEM NEM CINCO.

Uma semana fiz palestra em Gramado para uma empresa. E, no final, um senhor de uns cinqüenta anos veio me cumprimentar. Para minha alegria, mas também para minha responsabilidade, esse senhor estivera em Caxias do Sul, em outra palestra. Disse-me: - Professor, vim aqui, pois aquela palestra que assisti lá em Gramado mexeu comigo e queria ouvi-lo melhor. Esta semana coloquei em prática algumas idéias e estou gostando mais de mim. E sei que você teve a ver com isso.

Voltando para casa, percebi a responsabilidade que estava aumentando, isto é, um SER HUMANO já amadurecido, um empresário que tinha 15 funcionários vinha me assistir pela segunda vez. Uma empresa nacional TOP OF MIND/99 ligada a uma multinacional me contratava para ministrar 14 cursos em várias cidades do país para sua força de vendas. Quando em um Clube de Dirigentes Lojistas e Associação Comercial as pessoas pediam que eu autografasse as revistas que distribuo nas palestras, então decidi fazer este livro. Era a responsabilidade aumentando cada dia mais. Percebia então que eles me pagavam para fazer aquilo de que realmente gosto e que o caminho estava certo e se iluminava mais a cada momento. E que a força dessa luz era cada vez fazer melhor e, apaixonadamente, tudo aquilo a que me propunha.

Professor Cléber Machado
Conferencista Motivacional